Digitalização decorrente da Covid-19 e o nexo entre compliance e reputação corporativa

Digitalização decorrente da Covid-19 e o nexo entre compliance e reputação corporativa

Data da publicação: 11 de março de 2021

Autora: Gabriela Guimarães

 

Há poucos anos vimos no epicentro de mais um episódio de corrupção no Brasil a maior produtora de proteína animal do mundo, dona de um portfólio de marcas consagradas. Se as práticas da empresa que cresceu à sombra de um partido político maculado pelo envolvimento em ilícitos que culminaram em operações como Mensalão e Lava-Jato, dentre outras, não dissociavam da opinião pública e, quiçá, da credibilidade da classe política, fato que chamou a atenção foi a reação do público consumidor, de associações a indivíduos, que em repúdio à atuação da empresa deixaram de consumir seus produtos, deram publicidade à decisão e convocaram outros consumidores para que fizessem o mesmo.

À época, as redes sociais já tinham um papel influente e resultaram em prejuízos significativos para a empresa, amplamente divulgados pela mídia nacional.

Poucos anos se passaram e a mesma situação, nos dias de hoje, poderia ter efeitos ainda mais avassaladores – isso porque a pandemia da COVID-19 acelerou a mudança para um mundo ainda mais digital. De acordo com pesquisas, o isolamento trazido pela pandemia pode ter modificado de maneira decisiva a forma como os consumidores vão às compras.

Se manifestada a indicação de tendência dos consumidores de fazerem mais compras online, em decorrência da aparente confiança na internet que traz mais notícias e informações relacionadas aos bens/ produtos de interesse, a “digitalização” influenciará na imagem reputacional e, como consequência, nos índices de consumo.

Em resumo, a exposição social das regras de conduta (e más condutas) da empresa permitirão àqueles que com ela se relacionam escolham se com ela manterão relacionamento, ou se escolherão outras organizações com as quais se identificam de acordo com seu nível de aprovação, que inclusive pode ser moral.

E é nesse cenário digital que o Compliance se mostra, mais uma vez, indispensável às empresas, haja vista ser a ferramenta zela pela imagem e ética empresarial, pela visão de negócio numa perspectiva cidadã. Ele, na condição de patrono das políticas e normas da empresa, bússola orientadora de seus negócios, permite uma atuação preventiva, contribuindo para o fortalecimento da marca, além de reativa, pela correção de inconsistências e assistência à eventual plano de gestão de crise, preservando a atratividade da empresa, sua competitividade no mercado pelo resguardo da sua imagem.

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